A manifestação foi realizada uma semana após a morte da publicitária Josiane Marques atingida por uma linha de cerol enquanto conduzia uma moto
A manhã nublada e fria de domingo (28) não desanimou centenas de homens e mulheres que se reuniram na Beira Mar Norte para se manifestar contra o uso de cerol em linhas de pipas. Motociclistas e motoboys da Grande Florianópolis se uniram com um objetivo em comum: chamar a atenção para os perigos que enfrentam diariamente, principalmente, na Via Expressa.
A manifestação foi realizada uma semana após a morte da publicitária Josiane Marques atingida por uma linha de cerol no último dia 20 enquanto conduzia uma moto no trecho entre Florianópolis e São José, apontado por motociclistas e motoboys como o mais crítico da região metropolitana.
A presidente do Moto Clube Leões do Sul, Arli Raimundo, disse que a “motoata” não é contra quem solta pipa e sim contra o uso e a venda da linha chilena (mais resistente que a 10) e o cerol, produto utilizado pelos “pipeiros” para cortar a linha de outras pipas. “A manifestação é a favor da segurança de motociclistas e de pipeiros. Nós podemos nos acidentar com a linha e eles correm o risco de serem atropelados, porque correm atrás de pipas no meio do trânsito”, explicou Arli. Ela mesma quase atropelou uma criança de oito anos na Via Expressa. “Foi por muito pouco”, lembrou.
A diretora do Moto Clube Alados Nika Teixeira ressaltou que a organização da “Motoata Cerol Mata” pretende chamar a atenção para a gravidade do risco de crianças e também adultos, soltarem pipas em áreas de fluxo de veículos. Ela aponta que não há locais seguros onde é possível brincar em segurança. “Queremos que as autoridades tomem providências e que os pipeiros se conscientizem que colocam a própria vida e a de outras pessoas em risco”.
Santa Catarina tem desde janeiro de 2001 a Lei 11.698 que “proíbe a utilização de pipas ou similares equipadas com instrumentos cortantes e com linhas preparadas à base de produtos cortantes.”
As histórias são parecidas. Muitos motociclistas adotaram itens de segurança na motocicleta após terem sido vítimas de uma linha de pipa ou mesmo fio de telefone. O aeronauta aposentado Fernando Ferrari pilota motocicleta há 44 anos e calcula que percorre 300 quilômetros por mês na Grande Florianópolis. Ele equipou as duas motocicletas que possui com itens de segurança: duas antenas, protetores de mãos, para-brisa e protetor de motor. Todos os equipamentos foram instalados após Fernando ter uma das mãos cortadas por uma linha com cerol. O acidente aconteceu na Via Expressa.
O motociclista do Moto Clube Peçanhas Djalma da Luz perdeu a sensibilidade do dedo mindinho após ter a mão cortada por uma linha de pipa. Assim como Fernando, as duas motocicletas que possui são equipadas com itens de segurança. Mais do que antena, Djalma contou com o instinto de preservação para se livrar de uma corda solta de um caminhão na Via Expressa. “Foi tudo muito rápido. Quase fui enforcado pela corda”, disse.
Não fosse a fivela do capacete, possivelmente o motoboy Claudemir Rodrigues teria ficado gravemente ferido após ser atingido por uma linha de pipa há quase um ano. Rodrigues, que é motoboy de aplicativo, ainda não havia instalado a antena de proteção – atitude que tomou logo após ter se recuperado do susto.
Geovani Sani não teve tanta sorte. Mesmo com antena na motocicleta, o motoboy teve a mão cortada por uma linha de pipa. “A linha pegou na antena e subiu, passei a mão para retirar e ela cortou a luva e a minha mão.”, contou, exibindo a cicatriz. O acidente aconteceu em 2016 na Via Expressa e Geovani foi atendido pela Polícia Rodoviária Federal.
Os motoboys participaram da manifestação pela segurança deles e de todos que utilizam motocicletas. “Mesmo linha sem cerol machuca. O correto é não ter pipeiros onde há trânsito de veículos. A fiscalização precisa acontecer”, opinou Maicon Machado, motoboy de aplicativo em Florianópolis. A sugestão dos motoboys é a construção de um corredor para motocicletas na Via Expressa
https://ndmais.com.br/noticias/motocliclistas-e-motoboys-de-florianopolis-se-unem-contra-o-uso-de-cerol-e-inseguranca/
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